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 Conversa franca

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Mensagens : 524
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Conversa franca Empty
MensagemAssunto: Conversa franca   Conversa franca EmptyQui Ago 08, 2019 12:39 pm

Título: Conversa franca
Autor: strawberriesapples
Shipper: nenhum
Gênero: Geral
Censura/Classificação: PG-13
Capítulos: 1 (One shot longa)
Nota: Ghostbusters 2
Resumo ou uma promo: Egon decide ir para seu apartamento e tem uma visita amigável...




Egon Spengler tinha decidido ir a seu apartamento naquela noite. Seus amigos estavam todos fazendo alguma coisa ou outra. Ray Stantz estava dando uma palestra na Universidade. Winston Zeddemore foi para casa cuidar da mãe com gripe. E Peter Venkman estava... Deus sabia onde.
Ele não queria ficar na firehouse sozinho. Ele, surpreendentemente, não tinha nada para fazer e mesmo se tivesse, estava cansado demais para fazer qualquer coisa.
Então ele foi para o seu apartamento. Um apartamento palaciano no Upper East Side, que ele ganhou de seus pais quando se formou. Ele não morava lá, mas ele ia lá pelo menos uma vez por mês, ou sempre que sentia que precisava.
Ele jogou as chaves no aparador no corredor e foi direto para seu quarto no andar de cima.
Ele viu algo que o assustou um pouco.
Havia um homem alto e magro deitado na chaise longue. Ele tinha cabelo curto, ondulado e escuro e usava óculos semelhantes aos de Egon. Ele tinha os braços atrás da cabeça e as pernas estavam cruzadas. Ele parecia estar confortável.
“Como você chegou aqui?”
“Você me convocou aqui.”
“Por que eu convocaria você aqui?”
“Oh... me diz você!”
“Eu não tenho nada para lhe dizer.”
 “Olha, você me chamou aqui por um motivo. Diga de uma vez!”
“Estou cansado, tudo que eu quero fazer é tomar um banho e ir para a cama.”
“Você vai tomar um banho, ir para a cama e passar a noite inteira pensando! Talvez você chegue a uma conclusão, talvez não!”
“Oh... você quer...”
O homem se levantou e pegou um maço de cigarros e um isqueiro do bolso da calça. Ele pegou um cigarro do maço e acendeu, dando uma tragada.
Egon franziu ligeiramente o cenho.
“Você quer um?”
“É, por que não?”
Ele ofereceu um cigarro e seu isqueiro a Egon. Ele acendeu um e deu uma baforada, deleitando-se com o sabor forte do tabaco e a fumaça enchendo seus pulmões. Era calmante, um pouco.
“Então... me diga por que você me chamou aqui, Spengler.”
“O que faz você pensar uma coisa dessas?”
“Bem, eu estou aqui, não estou? Diga logo!”
“Dizer o quê?” – perguntou Egon, distraído, dando mais uma tragada no cigarro.
“Você está se sentindo culpado.”
“Culpado de…?’
“Oh, eu não tenho que te dizer. Ou tenho?”
“Eu tenho algo para me sentir culpado?”
“Oh, não venha com essa conversa. Eu sei que você tem.”
“Bem, sim, se há alguém que sabe disso, é você.”
“É, você se sente culpado por ir para a cama com Dana Barrett e quer minha opinião sobre isso.”
“Esses jeans são confortáveis?”
O homem estava vestindo uma camisa xadrez, jeans e tênis Converse. Tão longe dos ternos de três peças de Egon.
“Muito. Você deveria experimentá-los algum dia.”
“Então”, Egon começou, apagando o cigarro. “O que você tem a dizer para mim?”
“Primeiro você diz o que você tem a dizer para mim.”
Egon exalou alto. Aquela conversa estava lhe dando nos nervos e não ia a lugar algum a menos que ele falasse em voz alta.
“Ok, tudo bem. Sim, sinto-me culpado. Eu não deveria estar... transando com Dana quando eu sei que Venkman ainda tem sentimentos por ela, apesar de suas atitudes.”
“Oh, mas no fundo você não tem certeza se ele tem sentimentos por ela... certo?”
“Como você pode dizer uma coisa dessas?”
“Ah, qual é, você sabe que é verdade.”
Egon esfregou as têmporas. Essa conversa não estava indo a lugar nenhum. Ele estava ficando frustrado.
“Você está muito tenso. Você precisa relaxar.”
O homem tirou um cigarro longo, grosso e suspeito do bolso da camisa.
“Você acha que isso vai me ajudar a relaxar.”
“Já ajudou, milhares de vezes antes. Você parece esquecer que eu conheço você, Spengler. Melhor que você mesmo, às vezes.”
Era verdade. Ele não podia discordar disso.
“Deixe na mesinha de cabeceira.”
“Ha!” O homem colocou o cigarro na mesa de cabeceira com um sorriso com covinhas. “Eu amo esse lugar.” Disse ele, olhando em volta do quarto.
“Perdão?”
“Este apartamento. Eu amo ele. É o seu refúgio. Seu... castelo.”
“Bem, é a minha casa, o que você esperava?”
“Você vem aqui em momentos como este. Você vem aqui para se encontrar comigo. Para obter meu conselho.”
“Tudo bem, eu admito… sei que sempre vou encontrar você aqui.”
O homem deu-lhe um sorriso torto.
“Eu não sei porque eu fico surpreso em ver você aqui.”
“Eu acho que você se surpreende mais com a minha aparência do que com a minha presença.”
“Possivelmente.”
“Ok, chega de conversa fiada. Você quer saber o que eu penso sobre sua pequena situação e meu conselho sobre ela, certo?”
“Certo…”
“Bem. Embora seja... nobre que você se sinta culpado, acho que você é um otário por se sentir culpado.”
“O que?”
“Ora. Você está gostando, ela está gostando, você está se divertindo, você está pensando com mais clareza – o que é verdade, por incrível que pareça – e você está até mais relaxado. Caramba, você até gosta do garoto!”
“Bem, ele é muito inteligente.”
“Se Venkman pode ser um traíra cretino, você também pode.”
“Como é que é?!”
“Oh, você sabe o que eu quero dizer! Se ele pode dormir com outra sem culpa alguma, você também pode.”
“Mas ele…”
“E ela também não parece se sentir culpada”.
Uma pequena lâmpada acendeu na cabeça de Egon. Ele não tinha parado para pensar sobre o ponto de vista de Dana sobre toda a situação. Agora que ele o fez, ela parecia estar bem com a coisa toda. Isso tirou um pouco de peso de suas costas.
“Você conversou com Ray sobre isso. O que ele te falou?”
“Que eu deveria seguir o fluxo, aproveitar enquanto durasse e ficar quieto.”
“O que ele te disse quando você disse a ele que queria contar a Venkman sobre isso?”
“É para isso que servem os leitos de morte.”
“Então, pronto!”
Egon soltou um gemido frustrado. Não era o que ele queria ouvir, mas era o que ele precisava ouvir.
“Spengler! Esquece! Dana está bem – oh, ela está muito bem! – não se preocupe com isso!”
“Mas... e se... e se ele descobrir?”
“Minta na cara dura.” O homem estava falando sério.
“Eu não poderia…”
"Sim, você poderia sim. Você é o homem mais inteligente que conheço. Você é astuto, ardiloso e ímprobo quando quer ser.”
Egon franziu a testa e levantou a sobrancelha esquerda. Tudo era verdade. O homem estava certo.
“Não é assim que as amizades funcionam. A confiança acabou!”
“Sim! Há muito tempo! Quantas vezes Venkman mentiu para você?”
Ele olhou para baixo, um pouco chateado. Peter havia mentido para ele tantas vezes.
De repente, ele olhou para cima, um olhar determinado em seu rosto.
“Quer saber? Você está certo.”
O homem sorriu.
“Não tenho nada para me sentir culpado. Se Peter quer desprezar a confiança e os sentimentos de Dana, o problema é dele. Se ele quer dormir com qualquer uma por aí, o problema é dele também. E se há outro alguém que satisfaça Dana do jeito que ela deveria ser satisfeita... azar o dele!”
“É isso aí!”
“E... se eu estou aproveitando e me divertindo... quem tem algo a ver com isso?” Ele concluiu, com um sorriso. O homem continuava sorrindo.
“Bem, meu trabalho aqui está feito.”
“Obrigado por ter vindo.”
“A qualquer hora, Spengler. É só chamar.”
O homem se foi e Egon olhou para o cigarro perfeitamente enrolado em sua mesa de cabeceira.
“É, chega disso por hoje.” E colocou-o na gaveta.
Tirou a jaqueta e a gravata, assobiando a caminho do banheiro.
Ele sempre se sentia leve depois de conversar com sua consciência.

FIM
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